A leitura da sentença do antigo presidente egípcio Hosni Moubarak, prevista para hoje, no Tribunal do Cairo, foi adiada para 29 de Novembro. O juiz Mahmud Kamel al-Rashidi explicou, com recurso a um curto vídeo, que, antes da decisão, o tribunal terá de analisar todos os volumes do processo.
O antigo presidente egípcio, actualmente com 86 anos, está acusado de cumplicidade na morte de centena de manifestantes durante a revolta que acabou por o derrubar do poder, em 2011.
Além de Moubarak, que se apresentou num estado de saúde fragilizado, o ex-ministro do Interior Habib al-Adly e seis outros antigos altos responsáveis dos serviços de segurança são acusados da morte dos manifestantes.
Na última audiência, em Agosto, Mubarak defendeu que promoveu “o crescimento económico mais significativo na história” do Egipto.
“Como a minha vida se aproxima do fim, tenho a consciência tranquila e estou feliz porque passei (a minha vida) a defender o Egipto”, disse.
As vítimas da revolta de 2011 temem que o novo clima político não ajuda que a Justiça seja feita.
“Há agora uma onda de calúnias contra a revolução e os jovens que tomaram dela”, lamenta Osama al-Meghazi, que, em 28 de Janeiro de 2011, perdeu a mão quando a polícia dispersou uma manifestação em Alexandria, utilizando gás lacrimogéneo e munições reais.
“É importante que eu sinta que se faz Justiça”, disse à AFP.
Gamal Eid, advogado que representa as vítimas, afirmou que não esperava uma sanção severa contra Mubarak e contra os chefes da polícia, seis dos quais foram absolvidas no primeiro julgamento.
“Eu não confio, dado os veredictos anteriores. Os julgamentos são consoante o clima político”, asseverou.
O Tribunal do Cairo está a julgar outro processo contra Mubarak, alegadamente envolvido num caro de corrupção relacionado com os seus dois filhos, Alla e Gamal.
No primeiro julgamento, o presidente deposto foi condenado em Junho de 2012 a prisão perpétua, mas a sentença foi anulada devido a motivos técnicos.
Em Junho de 2012, o Egipto realizou a primeira eleição presidencial democrática e foi eleito presidente o islamita Mohamed Morsi que, actualmente está preso e a incorrer em pena de morte, foi derrubado pelo exército, após um ano de protestos.
Além dos islamitas, dezenas de jovens liberais que lideraram a revolta foram presos por participar em manifestações não autorizadas.
O Egipto enfrenta, particularmente desde a destituição de Morsi, ataques jihadistas contra as forças de segurança.